24 de mar. de 2015

"Podemos tirar, se achar melhor"

De Gabriel Shinohara

A hashtag #podemostirarseacharmelhor subiu meteoricamente nos trendings topics do Twitter brasileiro na noite dessa terça (24). Ela faz referência a frase acidentalmente publicada em uma entrevista produzida pelo jornalista britânico, Brian Winter (Reuters) na qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentava sobre os casos de corrupção na Petrobrás, atualmente investigados pela polícia federal.

A frase estava logo depois do parágrafo (reproduzido abaixo) que relatava o depoimento do ex-gerente de serviços da Petrobrás, Pedro Barusco. O depoimento continha informações sobre a corrupção na estatal, supostamente iniciada em 1997, época do primeiro mandato de FHC.


Reprodução da matéria

Ao ser perguntada pela revista Carta Capital, a agência Reuters lamentou o erro e explicou que a frase era uma pergunta dos editores brasileiros para o jornalista autor do texto original, em inglês. Ao perceber, a agência imediatamente retirou a matéria do ar e a corrigiu.

Poucos veículos de comunicação relataram o acontecimento, apenas Carta Capital e Jornal do Brasil, além de blogs, reverberaram a notícia. E de formas bem distintas.

A Carta Capital se mostrou imparcial, apesar de sua explícita visão política. Apurou o caso, procurou fontes e não deu seu parecer, a manchete também não pende pra nenhum dos lados.

Matéria no site: cartacapital.com.br



Já o Jornal do Brasil se mostrou tendencioso na manchete. Sem maiores provas e contra o que a fonte havia dito, realizou um juízo de valor.

Matéria no site: jb.com.br



Apesar de precipitado, a opinião do Jornal do Brasil tem alguma base. A frase não teria um motivo naquele contexto, pois o parágrafo é obviamente importante para o entendimento do quadro geral da situação. Além de que se tratando e um autor anglófono, não há porque se comunicar em português.

Se a acusação do Jornal do Brasil for provada, vimos um sério desvio ético por parte dos editores brasileiros da Reuters. Precisar que sua matéria seja “aprovada” pela fonte é violar a deontologia jornalística, comprometendo a tão necessária confiança do público, pois acaba com a imparcialidade e desrespeita a relação fonte-jornalista. 

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