De Gabriel Shinohara
A hashtag #podemostirarseacharmelhor subiu
meteoricamente nos trendings topics do Twitter brasileiro na noite dessa terça
(24). Ela faz referência a frase acidentalmente publicada em uma entrevista
produzida pelo jornalista britânico, Brian Winter (Reuters) na qual o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentava sobre os casos de corrupção na Petrobrás, atualmente investigados pela polícia federal.
A frase estava logo depois do parágrafo (reproduzido
abaixo) que relatava o depoimento do ex-gerente de serviços da Petrobrás, Pedro
Barusco. O depoimento continha informações sobre a corrupção na estatal,
supostamente iniciada em 1997, época do primeiro mandato de FHC.
Reprodução da matéria |
Ao ser perguntada pela revista Carta Capital, a agência Reuters lamentou o erro e explicou que a frase era uma pergunta dos editores brasileiros para o jornalista autor do texto original, em inglês. Ao perceber, a agência imediatamente retirou a matéria do ar e a corrigiu.
Poucos veículos de comunicação relataram o
acontecimento, apenas Carta Capital e Jornal do Brasil, além de blogs, reverberaram
a notícia. E de formas bem distintas.
A Carta Capital se mostrou imparcial, apesar de sua
explícita visão política. Apurou o caso, procurou fontes e não deu seu parecer,
a manchete também não pende pra nenhum dos lados.
Já o Jornal do Brasil se mostrou tendencioso na
manchete. Sem maiores provas e contra o que a fonte havia dito, realizou um
juízo de valor.
Apesar de precipitado, a opinião do Jornal do Brasil
tem alguma base. A frase não teria um motivo naquele contexto, pois o parágrafo
é obviamente importante para o entendimento do quadro geral da situação. Além
de que se tratando e um autor anglófono, não há porque se comunicar em
português.
Se a acusação do Jornal do Brasil for provada, vimos
um sério desvio ético por parte dos editores brasileiros da Reuters. Precisar
que sua matéria seja “aprovada” pela fonte é violar a deontologia jornalística,
comprometendo a tão necessária confiança do público, pois acaba com a
imparcialidade e desrespeita a relação fonte-jornalista.
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