24 de jun. de 2011

Era das Marchas e Informação?

Quatro de agosto de 1789, ruas parisienses em clima efervescente de rebelião popular, cenário de inflação que não acompanhava o aumento salarial. Os camponeses pregavam ódio aos nobres, atacando castelos, reivindicando igualdade de voto. Neste período Igreja e Estado possuíam privilégios absurdos em comparação ao terceiro estado, formado, sobretudo por camponeses que eram claro, a maioria avassaladora da população.

O período compreendido entre 1789 e 1845 foi nomeado como Era das Revoluções por Eric Hobsbawn. A Revolução Francesa foi precursora dos movimentos sociais deste período, ideais proclamados por ela, tais como: liberdade, igualdade e fraternidade serviram de inspiração para os movimentos seguintes. As promessas feitas pela classe burguesa serviram de mote para o levante operário.

DiscurSOS da Mídia (24/06/11)


21 de jun. de 2011

Era do popularesco na televisão brasileira

Por Brunna Ribeiro

Certamente é impossível agradar a todos. Mas a televisão aberta brasileira consegue agradar alguém? A explicação para audiência de certos programas sensacionalistas e de baixa qualidade pode estar, infelizmente, na falta de incentivo à educação no Brasil. O analfabetismo e baixa escolaridade da população influenciam diretamente nos critérios de escolha da programação televisiva. A TV aberta, apesar de ser concessão pública, não assume a responsabilidade social que tem de promover cidadania, educar e informar corretamente a população. Apelo sexual, incitação à violência e até apologia ao crime são queixas dos próprios telespectadores em relação à programação diária.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em parceria com entidades da sociedade civil, divulga a cada seis meses o ranking das denúncias de baixaria na televisão. Programas de cunho popularesco como Big Brother Brasil e Pânico na TV estão sempre no topo da lista. Emissoras com crise de audiência ou programação saturada tendem a usar apelação como saída, a exemplo da Rede Globo com Domingão do Faustão; a Rede Record traz Tudo É Possível e Programa do Gugu; a RedeTV, SuperPop. Programas assim não acrescentam em nada a cultura, pelo contrário, distorcem valores familiares e incitam má educação e desrespeito aos valores éticos.

20 de jun. de 2011

Greve na Bahia paralisa aulas em Universidades Estaduais

60 mil alunos sem aulas há quase dois meses, governo se recusando a negociar, professores e alunos fazendo manifestações. Esse é o quadro das universidades estaduais da Bahia, as UEBAS. O estopim da greve foi o Decreto 12.538/2011 o qual congelava os salários dos professores até 2012 assinado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner. A classe docente reivindica ainda a incorporação da gratificação CET (Condições Especiais de Trabalho) ao salário base, sem a restrição de quatro anos sem ganhos salariais para categoria.

A greve conta com apoio do movimento estudantil que reivindica melhoras na estrutura das universidades, mais investimentos nos cursos de extensão e laboratórios. Na UNEB – Universidade do Estado da Bahia, a maior do estado, no Campus III, localizado em Juazeiro, sertão do estado, são ministrados quatro cursos de graduação: Direito; Engenharia Agronômica; Pedagogia e Comunicação Social – Jornalismo em Multimeios. Ao todo são mais de 600 alunos sem aula há mais de 30 dias.

13 de jun. de 2011

Os significados e a intenção na hora de informar

A língua possui várias vertentes. Mas nenhum de seus significados é usado sem intenção específica. A ideologia guia a humanidade e o uso que ela faz das ferramentas. Desta forma, a linguagem é utilizada para transmitir opiniões, mesmo que ocultas. E para os jornalistas não é diferente.

A recente polêmica que envolve esta questão é a divulgação do termo KIT-GAY em detrimento do correto que é KIT-ANTIHOMOFOBIA. A mídia sujeita a motivos de ordem maior, que não o compromisso de informar, usa desta estratégia para esvaziar o sentido sócio-político que possui o nome correto.

A Rede Record, para citar exemplo, divulga a forma incorreta. Para tanto sobram motivos. O principal é a relação entre a emissora e a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), representado pelo Bispo Edir Macedo, que se opõe as tentativas de democratização e de educação sobre diversidade.

Este fato não se resume ao uso de um nome. A abordagem parcial favoreceu a desinformação e o posicionamento contrário da população e das autoridades, como fez a presidente Dilma ao vetar o projeto. Outros jornais como a Folha de São Paulo e Correio Braziliense contribuíram, pois traziam na machete o termo pejorativo que alardeava a população ao invés de orientá-la e fomentar o debate.

Por fim, é comum ver casos como este. A mídia tem o poder e à população falta informação. A aliança entre as necessidades de mercado junto à formação, por vezes parca, diminui a nível crítico e ético do profissional.

7 de jun. de 2011

Crise no governo Dilma?

O Brasil acompanha atentamente o caso que envolve o ex-ministro-chefe da casa civil, Antônio Palocci. Após denúncias de corrupção ainda no governo Lula, no caso conhecido como mensalão, o alto escalão do Partido dos Trabalhadores (PT) saiu de cena, retirando do cenário político lideranças históricas do partido, entre as quais José Dirceu e o próprio Palocci.

Alguns anos depois da divulgação do maior escândalo do governo Lula, o PT se reorganizou e entrou para a história do país ao eleger a primeira mulher para o cargo de Chefe do Estado brasileiro. Entretanto, ao assumir a presidência da nação, a presidente Dilma Rousseff trouxe para seu governo alguns dos nomes envolvidos no antigo escândalo. Entre eles Palocci, coordenador da campanha da então candidata à presidência.

Com uma postura firme, Dilma logo se mostrou diferente do ex-presidente Lula, ao por exemplo, suspender novos concursos públicos em 2011. Além disso, junto com o ministro da Fazenda Guido Mantega, anunciou um corte recorde de R$ 50 bilhões no orçamento do governo federal.

4 de jun. de 2011

Particularidades da "Contestária"

por Laís Lara


A sociedade se transformava. A política permutava entre dois blocos econômicos. Constantes eram os golpes militares e jovens lutavam em prol da liberdade. Diante desse cenário de turbulência desencadeado pela Guerra Fria, era necessária uma voz que ecoasse as insatisfações da geração de 1960: Mafalda.

Idealizada e produzida por Quino, ou Joaquín Salvador Lavado, essa argentina conquistou públicos na América Latina, na Europa e até mesmo na Ásia. Qual seria o segredo para tal sucesso? Talvez a sapiência do autor ao mesclar a ironia política com o bom humor cotidiano – um remédio para o estresse.

Quem acompanhava a publicação de Mafalda no jornal El mundo ou quem, nos anos 2000, lê uma coletânea das tirinhas, não apenas desfruta a veia cômica dos diálogos, como (sobretudo) reflete acerca das particularidades da natureza humana. Cada personagem que compõe o mundo de Mafalda, por meio da sátira, metaforiza arquétipos humanos como o materialismo, a patriarcalismo e o ser político.

Se por um lado há Susanita, uma fofoqueira egoísta cujo único objetivo é se casar e desfrutar da maternidade, Mafalda gosta dos Beatles, questiona a política e acredita nos direitos humanos. O senso crítico dessa “Contestária”, como definiu Umberto Eco, não nasceu por obra do acaso, mas sim por um processo. Apenas por meio da observação dos costumes, da leitura de jornais, por escutar rádio e por ver televisão é que a Pequena encontrou “falhas”, “lacunas” e desigualdades no mundo em que vivia, podendo, então, intervir sobre ele.

Segundo Quino o lápis é uma linguagem, pois quem o maneja descobre coisas incríveis e passa a ter um olhar “esquinado” sobre a vida. Contudo, a repercussão de Mafalda ratifica que não só o produtor, mas também quem observa e as criações de um lápis adquire um relacionamento inquieto o viver.

Os argumentos de Mafalda transcenderam a limitação do tempo e do espaço, afinal, como expressam algumas das tirinhas, a burocracia continua lenta como uma tartaruga, o mundo segue doente e a desigualdade permanece. Deveras, além dessas conclusões, outras problemáticas que perturbam a paz civil no século XXI, podem ser inferidas quando se lê a “Cosntestária” da década de 60.


Sobre o humor... um breve parêntese

Todo jornalismo deveria valer-se do humor. Como primeira leitura, essa frase parece pedante e inadmissível, pois o jornalismo solicita dados e objetividade, não gracejos. Contudo, a fim de um texto jornalístico denunciar os abusos contra a sociedade (uma das funções que possui), ele precisa fazer uso de variados métodos linguísticos, afinal tanto as acusações como os públicos têm origens diversas. Eis o álibi do humor.

O cômico não reduz a credibilidade de um meio e tampouco demonstra parcialidade política (ou não deveria, pelo menos), antes mostra-se um caminho alternativo do gênero noticioso. A combinação entre desenho, cores, escrita e caricatura “quebra” a linearidade da diagramação, concedendo ao leitor a oportunidade de criticar o mundo por meio do sorriso.

Sejam charges, tiras, cartuns ou qualquer outra forma de ilustração, essa maneira de informar, segundo o cartunista Miguel Paiva, “revela o avesso das coisas, pois a função primordial do humor é denunciar as injustiças, as mentiras”.


Fontes:
http://www.mafalda.net/pt/index.php
As declarações de Miguel Paiva foram retiradas de uma entrevista que está disponível no endereço eletrônico http://www.youtube.com/watch?v=djXaMhl0VEM&feature=related