por Jairo Faria
Na seção Ponto de vista, da revista VEJA do dia 18 de janeiro, o administrador Stephen Kanitz expressou sua opinião sobre a reportagem “Sete razões para votar NÃO”, matéria de capa da edição do dia 5 de outubro de 2005 da revista. Para Kanitz, o jornalismo opinativo “ajuda o leitor a tomar boas decisões” e, devido ao jornalismo imparcial, a nova geração de leitores não possui “opiniões fortes”.
Para Luiz Martins, professor da FAC na disciplina “Ética na Comunicação” e coordenador do projeto de extensão SOS Imprensa, o ideal seria que os veículos divulgassem matérias opinativas deixando expressamente claras suas opiniões. Segundo o professor “o que não dá para fazer, ao mesmo tempo, é um jornalismo que se diz imparcial ser parcial”. Segundo Martins, a parcialidade é até desejável quando explícita no editorial e o modelo que prevalece no Brasil é o de um jornalismo que proporciona aspectos plurais de uma polêmica, indica pontos de vista variados. Para ele, a salvação da imprensa é que se tenha esse tipo de veículo. Luiz diz ainda que “a VEJA não é um veículo associado a um partido” e, portanto, não é institucionalizado, por isso ela não deve defender determinados pressupostos e princípios.
É importante que a VEJA afirme sua capacidade de formar opinião, se isso não acontecesse, ela seria um veículo desrespeitado. Ela deve, porém, deixar seus pontos de vista explícitos, pois isso auxiliaria o leitor, mas, ao ser tendenciosa, essa revista torna-se um perigo, porque fundamenta suas tendências.
Um dos grandes problemas encontrados nos veículos de comunicação é que eles se propõem imparciais, mas defendem seus pontos de vista. É muito mais grave um jornalista ser tendencioso do que uma empresa deixar claramente exposta sua opinião, mas o problema, nesse caso, é que, habitualmente, eles não estão dispostos a dar espaço à réplica.
Assim, Kanitz defende uma visão que não condiz com as práticas da revista. Não se pode julgá-la imparcial, mas também não é possível dizer que ela expressa inteiramente suas posições em sua seção opinativa.
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