24 de nov. de 2011

O espetáculo da mídia

Por Paloma Batista

O mundo organizado em manchetes. Personagens escolhidos a dedo que interagem entre si à medida que a trama da atualidade é apresentada aos leitores. Assim é qualquer capa de jornal, portal online de notícias ou telejornal: um espetáculo a se desenrolar na frente dos espectadores. A mídia jornalística, por natureza, espetaculariza a informação.


A notícia não é o espelho da realidade, mas uma representação de tal. É um espetáculo edificado com base no que os jornalistas em poder da informação consideram importante e ao que outorgam prioridade. Um jornal diário tem como tarefa filtrar milhares de informações e optar entre elas, mediante análise da urgência de cada uma, da abrangência e de seu impacto na comunidade local e global. A partir disso, o jornalista procura elementos que construirão a própria representação do mundo, aquilo que transmitirá como realidade.

Sem necessariamente querer manipular a informação, é a mídia que decide quais os fatos mais explosivos, qual a forma de abordá-los – definição que parte da linha editorial –, quais personagens servirão como ícones e qual o tamanho do titular ou a duração de uma matéria. Nesse sentido, a mídia faz da notícia um espetáculo. Ela o arquiteta e constrói.

Há ainda outros matizes da questão. Os meios de comunicação constituem um mercado, apresentam custos materiais, envolvem muito dinheiro. Não se trata mais de transmitir a informação como também de vendê-la. Assim, a mídia se lança com ferocidade sobre a notícia que atrairá a atenção do público e renderá verbas. Muitas vezes confere-lhe uma cobertura tão exaustiva que se torna exagerada e sensacionalista. Os veículos querem tornar a notícia mais comercial e espetacular.

Então, o que o bom jornalista deve buscar como profissional? Mesmo de forma bastante idealista, manter o compromisso com a seriedade e ética, abstendo-se de fazer da notícia algo teatral. Não se trata de ser objetivo e isento de qualquer opinião, mas de enraizar-se na realidade e enxergá-la como complexa e multifacetada, e não como um show a ser banalizado e vendido.

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