Atribui-se a editores ingleses a máxima “notícia é denúncia, o resto é secos e molhados”, lema por vezes convertido em “jornalismo é oposição, o resto é secos e molhados”. Numa democracia, porém, não faz sentido esperar que a imprensa faça oposição política e sim que seja o Quarto Poder na estruturação de uma sociedade democrática e plural.
Certa vez, ouvi de um dos editores do Washington Post: “Já dá muito trabalho fazer um jornalismo de qualidade. Imagine cuidar de políticas sociais”. Caberia ao jornalismo tão-somente o clássico papel de se ater aos fatos e nada mais além deles. E quando der opinião, deixar bastante claro para os leitores – e em local apropriado.
Seria demais, então, pedir do jornalismo um papel preventivo? Possivelmente, não. Afinal, jornalistas – sobretudo, os pauteiros --, são muito afeitos ao calendário e às agendas: Ano Novo, Carnaval, Semana Santa, Dias das Mães, Dias dos Namorados, Semana da Pátria, Dia da Criança, Finados, Natal e... roda tudo de novo, mas também problemas que são recorrentes, como: enchentes, secas, incêndios, acidentes, tragédias, epidemias, endemias, pandemias etc. Em Brasília, por exemplo, qualquer repórter de cidade poderia registrar na sua agenda, a partir de junho: ‘verificar que providências foram tomadas para que o Parque Nacional da Água Mineral não pegue fogo’, como, aliás, acontece todos os anos. O mesmo vale para o Jardim Botânico, toda seca lambido pelas chamas, de ponta a ponta.