Nessa semana, ocorreu um fato que me fez recordar os motivos pelos quais decidi tornar-me jornalista.
Freqüento uma disciplina na UnB que visa, basicamente, analisar a evolução da escrita e da sociedade latino-americana. Uma das ferramentas que utilizamos para expor nossos pontos de vista é um blog em que o professor posta o texto designado e, logo após, o comentamos. Um dos textos que analisamos foi de um renomado colunista de uma das maiores revistas do Brasil (esta é sempre acusada de manipulação e de possuir forte teor de direita… adivinha qual é!). Esse leu nossas críticas e resolveu contra-argumentar em seu próprio blog. Até aí tudo bem, afinal todos temos o direito de resposta (ou, pelo menos, éramos pra ter).
Não contente em discordar e expressar sua opinião livremente sobre o assunto, iniciou um ataque de ofensas ao professor e a nós, alunos. Mas ofensas chulas e pesadas MESMO. Para finalizar, anunciou o nosso endereço eletrônico em seu blog para que seus cegos e intelectualóides discípulos também se manifestassem, gerando um escarcéu de insultos (mais de 100 comentários) que desviavam do plano da crítica original.
Depois de todo o alvoroço entre os meus colegas de sala e meu professor, afinal nunca tínhamos recebido nenhuma crítica direta de uma grande impressa de massa, decidimos manter os comentários, até mesmo os afrontosos, para, no futuro, os analisarmos.
E aí? Fim de conversa? Briga engavetada? Não! Algo martelava na minha cabeça. E de tanto pensar, a fim de descobrir o que me instigava, acabei percebendo algo que surpreendeu: eu estava fazendo jornalismo! Poxa, acabou de cair minha fixa de que estou beeem “longe de casa, há mais de uma semana” e construindo a minha identidade pessoal e profissional. Foi então que me vi na cidade de Brasília, mais precisamente na Universidade de Brasília, mais conhecida como UnB. No mesmo instante, grande parte dos ideais que eu tinha na minha fase rebelde dos treze anos foram voltando à tona. Por que mesmo eu tinha decidido fazer jornalismo? Percebi que de uns tempos pra cá eu vinha caminhando no automático. Acho que, de tanto eu lutar contra a burocracia de entrar numa universidade pública, acabei esquecendo os meus antigos objetivos.
Em casa, lavando minhas meias sujas e lembrando do escândalo, comecei a raciocinar que eu estava entrando num campo de trabalho em que a maior parte das pessoas desejam manipular as outras, e é por isso que existe tanta briga entre autores nos blogs. Tcharam! Nos meios persuasivos são diminutos os discursos dialéticos. Por isso é que o renomado autor da minha briga apelou tanto. Ele não queria perder sua autoridade diante dos seus leitores.
“Mais que porcaria é essa de pessoa que fica influenciando nas decisões alheias para fazer prevalecer suas idéias?”. “Não!”, me auto-corrigi, “não posso julgá-lo de maneira crua, pois talvez só esteja tentando fazer valer os seus princípios”. Mas ninguém, nem eu mesmo, pode impedir-me de achar suas causas uma porcaria. Eu também tenho os meus valores e não vou deixar de lutar para garantir que a satisfação da maioria seja estabelecida.
Ufa! Agora eu recordo dos motivos que me levaram ao jornalismo. E vou fazer valer a pena.
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