Na última sexta, 16 de setembro, o Brasil comemorou uma data simbólica importante, os mil dias para o início da Copa do Mundo de 2014. No Distrito Federal um grande evento marcou a ocasião, com shows de artistas nacionais renomados no estacionamento do futuro Estádio Nacional de Brasília, antigo Mané Garrincha.
Entretanto, as perguntas que ficam são: quem custeia tudo isso? E mais, há mesmo motivos para se comemorar? Para a primeira pergunta, uma resposta simples: nós, os cidadãos brasileiros! Enquanto a presidente Dilma faz uma verdadeira ‘faxina’ em seu governo – em quase nove meses cinco ministros de Estado caíram acusados de corrupção – os governos locais esbanjam ao gastar a verba pública numa verdadeira política de pão e circo, como se fazia antigamente pelos imperadores na Roma antiga.
Para a segunda questão, uma única resposta: não! O país carece de infraestrutura adequada em setores estratégicos para a população, como saúde, segurança e transporte. O presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino, disse no final de julho que o país pretende investir, nos próximos três anos, R$ 10 bilhões na rede hoteleira e mais R$ 5,6 bilhões na modernização e ampliação dos aeroportos. A estimativa é de que 600 mil turistas venham ao país apenas para o evento, entre os dias 12 de junho e 13 de julho de 2014.
Em matéria publicada no jornal Folha de São Paulo desta sexta, 16, o veículo trouxe um panorama dos doze estádios que receberão o Mundial da Fifa. Apenas metade das arenas foi classificada com a situação boa, com 25% a 40% da obra concluída, enquanto os outros seis estão com o cronograma atrasado, em situações preocupantes ou graves, com menos de 20% das obras em andamento. A situação mais grave é no Paraná, onde sequer a construtora responsável foi escolhida. Quatro estádios deverão ser entregues no segundo semestre de 2013, ou seja, não sediarão a Copa das Confederações, evento teste realizado pela Fifa um ano antes do Mundial.
Enquanto isso o ministro do Esporte, Orlando Silva, cobra mais agilidade nas obras para a Copa, discurso sempre repetido em todos os eventos que participa. Será que o Brasil terá condições de receber o maior evento esportivo do mundo? Qual será o legado para a população após o Mundial? Difícil saber. Só nos resta aguardar e torcer.
2 interações:
A indagação principal é legítima. Mas é preciso atentar a alguns pontos. Dizer que Dilma faz uma "verdadeira 'faxina'" é uma ingenuidade. Ela faz essa, na verdade, FALSA "faxina" por motivos políticos. Constrói a imagem de quem combate intransigentemente a corrupção, mas substitui um amigo de Sarney por outro - só para citar um exemplo -, já que não tem peito para enfrentar os partidos da base aliada, que indicam os nomes para preencher os cargos - um mal, diga-se, nem tão inevitável como se pensa, mesmo num presidencialismo de coalizão. Livrar Dilma da irresponsabilidade com a verba pública é ingenuidade de igual tamanho. A presidente não era a "chefe" no Governo Lula? O impulso para que as Unidades Federativas gastem - e muito - com as obras para a Copa vem do Governo Federal. Os bem informados devem saber que partiu do Governo a proposição que visa à extinção das licitações para as obras da Copa, uma aberração que abriria os cofres públicos de forma irresponsável, tanto para o gasto desmedido, tanto para a corrupção.
Postar um comentário