de Gabriel Shinohara
No
dia 1 de Novembro aconteceram algumas manifestações em várias
cidades do Brasil contra o atual e próximo governo da presidente
Dilma Rousseff. O protesto em São Paulo, que reuniu cerca de 2.500
pessoas segundo a polícia militar, teve ares de discordância entre
os próprios participantes, haviam alguns que defendiam uma
intervenção militar e outros que apenas estavam mostrando sua
opinião contrária ao governo atual.
Esse
protesto foi marcado, não pelo que os protestantes diziam, mas pelo
ataque sofrido por dois jornalistas. Gustavo Uribe, da Folha de São
Paulo e Ricardo Chapola, do Estado de São Paulo tiveram suas contas
nas mídias sociais divulgadas pelo blog Reaconaria em um post em que
tinham sua ética profissional posta em dúvida, além de informações
pessoais divulgadas. Após terem suas contas no Twitter e no Facebook
espalhadas, sofreram ataques pessoais nas redes.
O
Brasil é conhecido por ser um dos líderes no ranking de violência
contra os profissionais da mídia e esse acontecimento somente
reforça o quão expostos estão os jornalistas. Agora com suas faces
conhecidas, os dois profissionais citados podem não se sentir mais
seguros exercendo sua profissão. Além de criar um antecedente para
qualquer outro profissional que precise cobrir os protestos, o risco
de ter sua vida pessoal invadida agora é real e baseada em
acontecimentos antecedentes.
Não há nenhuma garantia que esses ataques não superem o digital e
passem para o físico, alguns jornalistas já sofreram com isso nas
manifestações de Junho de 2013, a diferença foi o agressor,
anteriormente a polícia e não os manifestantes.
Imagem: ultimosegundo.ig.com.br |
Ações
A
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou
uma nota repudiando “a incitação de violência e o assédio
contra os repórteres encarregados da cobertura de manifestação
pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff”. A nota ainda afirma
que a divulgação de dados dos profissionais é uma afronta a
liberdade de expressão e que condena toda a forma de violência
contra jornalistas, além de pedir a rápida identificação dos
responsáveis.
O
deputado estadual Carlos Bezerra (PSDB) também agiu em defesa dos
profissionais. No último dia 7 foi solicitado por ele que a Polícia
Federal, o Ministério Público de São Paulo e o Federal se envolvam
nas investigações sobre o caso, procurando identificar e punir os
autores das ameaças, além de que, por exigência de Bezerra, os
meios de financimento do site também fossem alvo da investigação.
“A
incitar um clima de ódio contra a cobertura de imprensa e promover
assédio pessoal aos profissionais dela encarregados, o website
apócrifo atenta contra a liberdade de expressão, afetando não
apenas as pessoas assediadas e os jornais para os quais trabalham,
mas também o direito que toda a sociedade tem de ser informada''
disse
Bezerra, se referindo ao blog Reaconaria.
Opinião
Esses
ataques pessoais são possíveis porque ainda há um clima de
impunidade na internet. Os usuários acham que nada do que é dito é
passível de punição, mesmo com exemplos anteriores como o da
estudante universitária Mayara Petruso que foi condenada a 5 meses e
15 dias (posteriormente convertida em prestação de serviços
comunitários e multa) por proferir frases racistas no Twitter.
Chega
a ser inusitado que uma classe que sempre teve seus interesses
defendidos pela mídia (vide o herdeiro do Estado de São Paulo que
esteve presente em manifestações pró-Aécio) se diga vítima de
uma mídia golpista. Ainda mais quando o semanário de maior
circulação do país tenha adiantado sua edição (para antes das
eleições) para exibir uma matéria de capa atacando, sem bases e
sem provas, a candidata que não era de seu interesse. A edição
citada foi proibida de ser propagandeada e o direito de resposta foi
quase que imediatamente concedido à vítima.
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