de Eduardo Meirelles e Gabriel Shinohara
Tornou-se
notório que o instituto Veritá apresentou estatísticas erronias e
manipuladas, em contexto nacional, para favorecer o ex candidato à
Presidência da República, Aécio Neves (PSDB). O partido de Aécio
realizou uma pesquisa em Minas Gerais, onde supostamente o candidato
teria maior número de votos, pelo fato de já ter sido governador e
afirmar ter mais de 92% de aprovação. Dado não confirmado pelas
eleições do último dia 26.
O
partido apresentou ao eleitorado a informação de que o candidato
estaria com 14 pontos à frente da candidata Dilma Rousseff (PT), a
presidente estaria com 43% e Aécio com 57%. A manipulação e a
utilização erronia da estatística foi confirmada pelo próprio
dono do instituto Veritá, Adriano Silvoni e o estatistico
responsável pelo instituto, Leonard de Assis, que em entrevista,
afirmou que o PSDB não poderia utilizar os dados nesse contexto
nacional, ''não representa o Estado'', informou Assis.
Usaram
erroneamente a pesquisa logo após o
primeiro turno, em que a candidata do PT apareceu em vantagem. O dono
do instituto ainda informou em entrevista ao jornal O Tempo, que
teria alertado o partido de que os dados não poderiam ser
apresentados para um representação nacional e que havia realizado
uma nova pesquisa que seria apresentada um dia antes as eleições,
na qual Dilma Rousseff liderava, mas os números não foram
divulgados por pressão do partido de Aécio sobre o sócio de
Silvoni, como o mesmo acredita ter acontecido.
Porém,
ao notar que o nome da empresa estava ficando ''arranhado'', Leonard
Assis divulgou o resultado da última pesquisa popular em que Dilma
aparecia com 53% contra 47% de Aécio e ainda informou que o
instituto Veritá foi pressionado por agentes externos para não
divulgar a candidata do PT à frente das pesquisas.
Instituto
Paraná Pesquisas
O
caso do instituto Veritá não foi único na campanha de Aécio
Neves. A primeira pesquisa de intenções de voto no segundo turno,
publicada pela revista Época, foi contestada pela coligação “Forca
do Povo” da presidenta Dilma Rousseff. A coligação entrou com um
processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) questionando a
metodologia e solicitando acesso ao sistema de pesquisas do
instituto.
Informações
da Revista Forúm e do site Yahoo!Notícias explicitam que o diretor
do Instituto Paraná, Murilo Fidalgo, está cotado para dirigir a
empresa estatal de tecnologia da informação do Paraná, estado que
reelegeu o governador e apoiador da candidatura de Aécio Neves, Beto
Richa (PSDB). Essa informação não saiu em nenhum outro grande
portal de notícias e, portanto, deve ser vista com ceticismo.
A
pesquisa também pode ser questionada porque, segundo seus números,
a então candidata Dilma Rousseff perderia um milhão de votos no
Nordeste, em comparação com o primeiro turno; além de que,
seguindo as porcentagens, o candidato Aécio ganharia aproximadamente
21 milhões de votos contra apenas quatro milhões de Dilma, o que se
mostrou uma inverdade nos dias seguintes, com a publicação das
pesquisas da Datafolha e do Ibope.
Os
sites da Revista Época (que encomendou a pesquisa) e da Revista Veja
deram a notícia sem questionar a autenticidade dos números
fornecidos por um instituto desconhecido do público e que, até
então, havia realizado apenas duas pesquisas em âmbito nacional. Já
os portais da Revista Exame e do jornal Valor Econômico noticiaram
os números, mas se atentaram a esse importante detalhe, dizendo que
o instituto era pequeno e desconhecido e lembrando que as pesquisas
do Ibope e da Datafolha sairiam no dia seguinte.
Todos
essas informações alimentaram o questionamento do quão real é o
panorama que as pesquisas de intenções de votos fornecem. Em alguns
estados, a diferença entre as pesquisas e o resultado das eleições
foi enorme. Há o exemplo das eleições para governador do Rio
Grande do Sul neste ano, a pesquisa de boca de urna do Ibope dava Ana
Amélia (PP) em segundo lugar e Tarso Genro (PT) em primeiro, os
resultados finais se diferenciavam totalmente desses números, em
primeiro lugar ficou Ivo Sartori (PMDB), que anterioramente estava em
terceiro, seguido de Tarso Genro.
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