Por Ingridy Peixoto
A Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília recebeu no dia 22 de setembro Carlos Chagas, jornalista e professor emérito da UnB. Chagas foi até a FAC em virtude do lançamento do livro Jornalistas-intelectuais no Brasil, do também professor Fábio Pereira. O ex-professor falou pouco da obra de Pereira, inclusive declarou-se contrário a essa prática, que segundo ele, pode roubar do leitor o conhecimento total do texto. Carlos Chagas, entretanto, elogiou a diferença que é feita no livro entre jornalista e escritor e aproveitou para usá-la como gancho na defesa do diploma de jornalismo para exercício da profissão. “Na universidade aquele que simplesmente nasce com o dom de escrever adquire conhecimentos organizados, necessários para desenvolver o culto à notícia”, defendeu.
Na faculdade o jornalista aprende a ter faro para a notícia. Porém, a imprensa atual parece ter uma função preferida: encontrar sangue. Como apontado por Carlos Chagas, há um fenômeno internacional de veiculação de notícias violentas. Não faltam reportagens especiais sobre acontecimentos trágicos. Em casos assim as entrevistas vão desde o pai da vítima, passando por parentes do criminoso, chegando até mesmo no caixa do mercado que o suspeito frequentava. Para os veículos de comunicação é mais fácil transformar casos de comoção nacional em espetáculo ao apelar para a sensibilidade do público.
É aí que torna-se pertinente o debate proposto no livro escrito por Fábio Pereira. Onde está o jornalista intelectual nessa forma de se fazer notícia? Como essa intelectualidade consegue sobreviver ao jornalismo raso e rápido? Todas essas perguntas levantadas pelo professor são pertinentes e não encontram uma fácil resposta. A alternativa ideal seria fazer os jornais pingarem sangue e suor decorrentes de um trabalho bem feito, trabalho este que só pode ser feito por alguém que cultue de fato a notícia.
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