O programa Custe o Que Custar (CQC) é um programa humorístico brasileiro, exibido pela Rede Bandeirantes de Televisão (Band). Era apresentado por Marcelo Tas, Marco Luque e Rafinha Bastos, até que Rafinha Bastos fez uma piada que causou polêmica midiaticamente e na sociedade civil, o que resultou na sua demissão da emissora. Acompanhe o vídeo:
O SOS Imprensa esta semana colocou em pauta o caráter de tal piada e a repercussão que a mesma causou nos principais meios de comunicação. Alguns dos questionamentos feitos pelo projeto foram: até onde vai a barreira que separa o humor do repúdio? Será que existem limites para frases provocadoras?
Não é a primeira vez que Rafinha Bastos causa polêmica com um comentário. Ainda este ano, disse que mulheres feias deveriam ficar felizes ao serem estupradas, insinuando que assim elas teriam alguém para “lhes dar prazer”. Mas só agora o apresentador foi suspenso do CQC por realizar o comentário sobre Wanessa Camargo e seu bebê.
Em 1996 três jornalistas lançaram o “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”, espécie de retrato do pensamento conservador, em que, de acordo com a revista Carta Capital:
o pensador (...) ataca líderes LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trânsgeneros) e defende homofóbicos sob o pretexto de salvaguardar a liberdade de expressão. (...) O comediante imbecil politicamente incorreto: sua visão de humor é a do bullying. Para ele não existe o humor físico de um Charles Chaplin ou Buster Keaton, ou o humor nonsense do Monty Python: o único humor possível é o que ri do próximo. Por “próximo”, leia-se pobres, negros, feios, gays, desdentados, gordos, deficientes mentais, tudo em nome da “liberdade de fazer rir.” Prega que não há limites para o humor, mas é uma falácia. Ri do office-boy e da doméstica, jamais do patrão. Iguala a classe política por baixo e não tem nenhum respeito pelas instituições: o Congresso? “Melhor seria atear fogo”. Diz-se defensor da democracia, mas adora repetir a “piada” de que sente saudades da ditadura. Sua principal característica é não ser engraçado. (Carta Capital, 3 de outubro)
A mesma revista divulgou no dia 9 de setembro uma reportagem afirmando que o comediante Rafinha Bastos foi suspenso do programa pelo fato de, e só por isso, ter ofendido Wanessa, esposa do influente empresário Marcus Buaiz, que ameaçou corte de aportes importantes para a publicidade da emissora.
Perfil mais influente no Twitter, segundo pesquisa publicada no The New York Times, Rafinha não se deixou abalar pela suspensão temporária de sua presença no programa. Aumentou a mágoa dos indignados na internet, postando um vídeo bastante sugestivo e fotos que demonstravam sua “preocupação” por estar em casa na hora em que devia estar trabalhando. Em nenhum momento se mostrou arrependido.
Em um momento em que a regulamentação da mídia é discutida, articulada a políticas públicas do Executivo, oferece ferramentas para que a sociedade civil proponha temas que sirvam para o debate, discussão e possível regulamentação. A comunicação precisa estar a serviço da sociedade, pois não há democracia sem comunicação.
O caso Rafinha Bastos mostra ser urgente a definição de um marco regulatório da mídia brasileira que está em crise. É preciso políticas públicas para que os cidadãos não sejam ofendidos e desrespeitados, e entender a mídia como espaço onde valores são construídos, mas o que se constrói atualmente é baixaria, um verdadeiro espetáculo do entretenimento.
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