20 de ago. de 2005
Encontro termina com aprovação da Carta Brasília
João Brant, debatedor do painel Direito Humano à Comunicação e Políticas Públicas e representante do Coletivo Intervozes e do Cris Brasil, ressaltou a importância de se ter a comunicação como pauta, principalmente pela amplitude com que o tema foi tratado, não se restringindo a uma visão limitada da comunicação.
Segundo Ivônio Barros, coordenador do Fórum de Entidades de Direitos Humanos, um ponto forte do evento foi dar prioridade ao debate nas entidades sobre o significado e a importância da democratização do acesso à comunicação e à informação. Ele declarou que a temática se relaciona com a atividade de todos os segmentos da sociedade civil organizada, principalmente pela posição de destaque ocupada pela mídia no mundo.
Universalizar a compreensão dos DH, adotar políticas públicas executáveis e a fiscalização permanente da sociedade foram pontos importantes citados pela deputada Iriny Lopes (PT-ES) para que os direitos humanos sejam respeitados. Ao avaliar o Encontro, a parlamentar afirmou que todos saíram com posições claras a respeito do status da secretaria dos DH e seu retorno ao status de ministério. Disse também que todas as resoluções foram fruto de intenso debate e discussões.
Margarida Genevois, da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos, considerou o encontro positivo por permitir a união de esforços e a retomada de ânimo. “Os Direitos Humanos são a base da paz e da democracia”, afirmou a militante.
Reportagem: Aerton Guimarães, Ana Luiza Zenker e Juliana Mendes
Edição: Carlos Mota
Comunicação como Direito Humano fundamental
de Brasília, documento aprovado na plenária final do Encontro Nacional
de Direitos Humanos de 2005. A carta, resultado do evento, traz uma
crítica à falta de prioridade dada aos direitos humanos, além de ir
contra a proposta de rebaixamento da Secretaria de Direitos Humanos
para o status de Sub-secretaria.
Diversos segmentos da sociedade participaram do evento na condição de
integrantes dos grupos de trabalho. Representantes do governo e da
sociedade civil puderam participar das discussões em tais grupos, que
deram origem à Carta, obtendo ainda direito de intervenção acerca da
proposta final do documento. Este será entregue ao Ministro das
Comunicações, Hélio Costa, e, em seguida, divulgado à sociedade.
No processo de aprovação da Carta, debateu-se a questão do direito à
comunicação e à informação. Nesta discussão, falou-se sobre a
propriedade de "via de mão dupla" que a comunicação possui e, a partir
deste ponto, o questionamento do direito de voz e de se fazer ouvir.
Em outras palavras, foi defendido veementemente o pluralismo e a
liberdade dos meios de comunicação. Abordou-se também a incorporação
da diversidade étnico-racial, sexual, cultural, regional e religiosa
ao texto final. Sem mais delongas, a Carta foi aprovada com apenas
algumas modificações no texto proposto.
Diogo Ferreira Alcantara, Ana Luiza Zenker e Juliana Mendes.
17 de ago. de 2005
Grupo quer apoio do Ministério Público para proteger vítimas da imprensa
O jornalista Dioclécio Luz, do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, sugeriu ainda a criação de uma política de comunicação comunitária em parceria com as comissões de ética tanto da Câmara como do Senado, para abrir processo de cassassão dos mandatos de deputados e senadores que possuem concessões de rádio ou televisão, infringindo a Constituição Federal.
A necessidade da educação em direitos humanos para os profissionais da mídia e para própria população foi ressaltada como forma de promover consciência de direitos. Uma preocupação dos participantes é de que as idéias apresentadas e discutidas pelo grupo não sejam esquecidas, mas se transformem em ação efetiva para evitar que a imprensa continue desrespeitando os direitos humanos.
Um exemplo de violação citado pelo grupo foi um caso suspeito de censura ocorrido na Bahia. A exibição do curta "O fim do homem cordial", vencedor do Festival de Salvador, teria sido boicotado por políticos baianos, que teriam articulado o corte de energia eletrica na sala, justo na hora em que o filme, uma caricatura de personalidades do mundo político, seria exibido.
Reportagem: Ana Luiza Zenken
Edição: Luciana Lima
Inesc denuncia descaso com Direitos Humanos
O INESC propôs uma reavaliação das políticas públicas de Direitos Humanos. Caio Varela criticou a lei de diretrizes orçamentárias de 2006, que não priorizou o setor social e de Direitos Humanos. Segundo Varela, 30 programas voltados para a proteção dos Direitos Humanos foram suprimidos.
A representante da subsecretaria de Direitos Humanos, Valéria Getúlio de Brito Silva afirmou que há melhorias no setor de Direitos Humanos, mas não existe a divulgação das ações desenvolvidas pelo governo. Ela ennfatizou que os Direitos Humanos, com destaque para a inclusão social, são compromisso de campanha do presidente Lula e que os 30 programas aos quais Varela se referiu não foram suprimidos. Valéria afirmou que esses programas foram aglutinados ou renomeados.
Reportagem: Juliana Mendes
Edição: Luciana Lima
Negros e as telenovelas
Reportagem: Liana Lessa
Edição: Luciana Lima
Painel destaca o poder da mídia na formação de uma cultura de paz
Ricardo Henriques, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), e Washington Araújo, do Senado Federal, formaram coro com Aída. Araújo, em particular, sugeriu a criação de um órgão para regular o papel da mídia.
Um ponto recorrente do debate foi a necessidade de uma melhor formação dos profissionais, particularmente os de educação e de comunicação, na área de direitos humanos. Segundo os participantes, é importante colocar os direitos humanos em pauta e em prática na sociedade.
Reportagem: Ana Luiza Zenker
Edição: Luciana Lima
Relatório "esquecido" da Unesco é tema central no debate sobre comunicação
O professor da Universidade das Nações Unidas, Marco Antônio Rodrigues Dias, destacou a utilização de novas tecnologias como forma de acesso a cultura. Ele alerta para a necessidade de não tratar comunicação e cultura como serviços e, como tais, situados no âmbito da Organização Mundial de Comércio.
A diretora do Intercom, Cecília Peruzzo, destacou a necessidade de reconhecer o direito de comunicação como direito humano, não só sob o aspecto de acesso da informação mas, também, reconhecer a condição de todos se tornarem produtores e difusores de conteúdo. O direito a comunicação, segundo Cecília, está ligado ao direito a cidadania.
O professor da Universidade de Brasília Luiz Gonzaga Motta criticou duramente o posicionamento dos agentes públicos brasileiros que acabam cedendo às pressões das empresas de comunicação.
Reportagem: Marcelo Arruda
Edição: Luciana Lima
Procuradora denuncia violação de Direitos Humanos à ONU
Reportagem: Juliana Mendes
Edição: Luciana Lima
SOS Imprensa cobre Encontro de Direitos Humanos
3 de ago. de 2005
Os fins, os meios e a ética
É altamente perceptível a dificuldade encontrada por alguns jornalistas (sem generalizar o comportamento) em seguir certos princípios éticos e, diversas vezes, morais. Na busca incessante por um “furo” e por reconhecimento, atropelam barreiras legais ou humanitárias, ignorando os direitos e as particularidades da fonte, do público ou de qualquer outro envolvido com sua matéria.
Não é muito difícil encontrar exemplos a respeito dessas questões, basta folhear algumas páginas de qualquer jornal ou assistir a um noticiário de televisão. Câmeras escondidas denunciam redes de corrupção; telefones grampeados revelam fraudes em processos políticos; fotos exclusivas demonstram vida íntima de celebridades. As justificativas são uníssonas: “Estamos prestando um bem à sociedade, pois transmitimos a ela informações relevantes sobre o que acontece no país e no mundo. Este é o dever do jornalismo”. Com tais alegações, o jornalista sente-se bem, com a sensação de dever cumprido, com a consciência limpa. E tudo realmente fica bem, já que a sociedade aplaude o gesto e adota aquelas informações como verdade absoluta.
Devido a esses fatos, é preciso refletir acerca das formas de obtenção de informações. Até que ponto é aceitável utilizar-se do clichê “os fins justificam os meios”? Conseguir uma boa matéria deve significar ter-se apurado convenientemente uma informação obtida por meios legais e éticos (o que nem sempre quer dizer a mesma coisa). Não há um consenso quanto à estipulação de limites para se alcançar uma reportagem interessante. Disfarçar-se de dependente químico comprando drogas, com uma câmera escondida, a fim de se conhecer os detalhes do tráfico e dos pontos de venda de tóxicos pode ser considerado legítimo por muitos. Porém é aberta uma discussão sobre o fato de terem sido utilizados métodos criminosos para apontar um crime.
Não é necessário ir tão longe. Até mesmo uma entrevista concedida por telefone pode gerar polêmica. Muitas vezes o repórter esquece-se de avisar ao entrevistado que está gravando a conversa, ou faz isso propositadamente. A gravação pode servir apenas de auxílio à memória daquele, mas, em último caso, também é arma potente contra a possibilidade de o entrevistado negar suas próprias palavras após sua publicação. Sabendo da gravação, há chances consideráveis, e justas, dele mover um processo contra o entrevistador, caso sinta-se ameaçado por seu conteúdo.
A discussão parece interminável. O fato é que, por mais simples e rápidas pareçam ser aquelas maneiras de se obterem determinadas informações, não há nada mais confiável e eficiente que uma boa apuração dos fatos, com cruzamento de dados, questionamento de diversas fontes e clareza na declaração dos objetivos da matéria. O real compromisso do jornalista deve ser com a verdade e seus interesses devem girar em torno dela, sempre valorizando a qualidade pautada pela ética.