Por Gabriel Shinohara e Nathália Mendes Santana
No último domingo foi ao ar a entrevista que Edward Snowden concedeu ao Fantástico, muito anunciada e aguardada, motivo pelo qual possa ter sido ligeiramente decepcionante. Durante toda a entrevista era esperado que Snowden fizesse alguma revelação sobre os meses em que vem se escondendo na Rússia ou algum vazamento de informações. Entretanto, tudo que se viu foi uma repetição daquelas perguntas feitas inúmeras vezes a ele desde o início de toda a polêmica gerada após a divulgação dos documentos que comprovaram que o governo americano espionava milhares de cidadãos e governos ao redor do mundo. Além disso, foram feitas perguntas sobre a vida pessoal de Snowden, deixando a entrevista com um tom mais leve do que o esperado.
No último domingo foi ao ar a entrevista que Edward Snowden concedeu ao Fantástico, muito anunciada e aguardada, motivo pelo qual possa ter sido ligeiramente decepcionante. Durante toda a entrevista era esperado que Snowden fizesse alguma revelação sobre os meses em que vem se escondendo na Rússia ou algum vazamento de informações. Entretanto, tudo que se viu foi uma repetição daquelas perguntas feitas inúmeras vezes a ele desde o início de toda a polêmica gerada após a divulgação dos documentos que comprovaram que o governo americano espionava milhares de cidadãos e governos ao redor do mundo. Além disso, foram feitas perguntas sobre a vida pessoal de Snowden, deixando a entrevista com um tom mais leve do que o esperado.
Glenn
Greenwald, o jornalista que atuou como “porta-voz” de Snowden também esteve
presente na entrevista. Segundo Greenwald, ainda há muitos documentos que
envolvem o Brasil a serem divulgados. Perguntado sobre o pedido de asilo no
Brasil, Snowden disse que enviou um pedido formal à Embaixada brasileira, porém
não obteve resposta e evitou aprofundar-se no assunto para não desviar a
atenção aos documentos que, aos poucos ele vem revelando.
Snowden
mora sigilosamente me Moscou, pois é um dos procurados pelo governo americano.
Sobre um possível julgamento, Snowden diz que gostaria de ser julgado nos EUA,
porém afirma que este não seria justo.
Apesar
de ter tido uma grande repercussão desde que os documentos foram divulgados ( o
Fantástico foi o veículo que obteve com exclusividade o depoimento de Glenn
Greenwald), a imprensa ainda pisa em ovos ao tratar do assunto, pois coloca em
jogo tanto a posição da diplomacia brasileira (em aceitar ou não o pedido de
asilo de Snowden) quanto a do serviço de inteligência (ao não rastrear esse
tipo de invasão aos dados do governo brasileiro).
O debate
Logo
após o final do programa “Fantástico” em que o compacto da entrevista foi
transmitido e a Globo disponibilizou um streaming,
em seu site, de um debate sobre a entrevista e os impactos de Edward Snowden no
mundo. Participaram dessa discussão a própria Sônia Bridi, o embaixador Marcos
Azambuja, o diretor da anistia internacional no Brasil, Átila Roque e Ronaldo
Lemos, do Instituto de Tecnologia e Sociedade.
A
primeira coisa que pode ser atentada é o fato de que o debate, de quase uma
hora, foi transmitido exclusivamente pela internet e que o formato dele
possivelmente influenciou em seu conteúdo. O foco não foi o Edward Snowden, como
na entrevista veiculada, mas nas repercussões de seus atos, na política e não
no personagem. Os convidados analisaram as ações brasileiras em torno do caso,
o discurso do entrevistado e, principalmente o que representaram as ações dele
para todo o mundo, mas principalmente, para o Brasil.
Na
entrevista, Snowden afirmou que pediu asilo ao governo brasileiro, mas não foi
respondido. Os especialistas tiveram uma discussão sobre se o Itamaraty deveria
aceitar ou não o pedido, quais seriam as repercussões, se esse ato daria mais
poder à nação, assim como o discurso da Dilma na ONU ou se só aumentaria um
clima de tensão com os EUA. Temas como a descida forçada do avião do presidente
da Bolívia, Evo Morales, na Europa, as razões americanas para fomentar um sistema
de espionagem e a imagem de Snowden perante o mundo também foram debatidos.
Existem
alguns detalhes no próprio formato do debate que podem ser mais aprofundados,
por exemplo, o fato de ter sido transmitido apenas pela internet, o que pode
ter dado uma maior liberdade para os participantes porque se supõe que o
espectador procurou por aquele conteúdo, ele quer se aprofundar na questão
política e não no dia-a-dia do entrevistado.
Alguns trechos excluídos do compacto televisionado foram mostrados no
debate, mas sem legendas ou tradução simultânea, ou seja, os produtores
partiram do princípio que o público não precisava dessas muletas, de que eram
mais escolarizados.
No
final, a transmissão focou nas repercussões para o Brasil, na discussão do
papel de Snowden em toda essa crise e na imagem que foi criada em torno dele,
de terrorista para alguns e de defensor da liberdade para outros. O que
realmente surpreendeu foi a Globo dar atenção à internet e criar um conteúdo
específico e adaptado para um público diferente do qual a emissora está
acostumada.
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