28 de abr. de 2011

O Jornalista nas redes sociais: uma relação problemática


Por Davi de Castro




O jornalista é o profissional responsável por, entre outras coisas, apurar e produzir notícias diárias e, por vezes, emitir sua opinião sobre determinado tema. Dentro do veículo de comunicação, entende-se que o profissional deve seguir a linha editorial da empresa. Mas, jornalista também é humano e tem direito à vida pessoal e social. Logo, não apenas como ferramenta de trabalho, ele também utiliza as redes sociais – Twitter, Facebook e Orkut – como qualquer outro, espaços propícios para deixar a subjetividade fluir. No entanto, nos últimos meses vimos dezenas de profissionais sendo demitidos em razão de terem escrito algo nas redes sociais que desagradou os patrões.


No ano passado, o editor da revista National Geographic, Felipe Milanez, perdeu o emprego após ter criticado uma matéria da revista Veja no Twitter. Ambas as publicações são do Grupo Abril. Em março deste ano, foi a vez do editor-assistente de política da Folha, Alec Duarte, e a repórter do Agora SP, Carol Rocha. Os dois comentaram a morte do ex-vice-presidente José Alencar: "Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar o botão”, disparou o editor da Folha. A repórter respondeu: "Mas na Folha.com nada ainda... esqueceram de apertar o botão. rs". Alec então lembrou de um erro do jornal, quando noticiou a morte do senador Romeu Tuma, em outubro de 2010. "Ah sim, a melhor orientação ever. O último a dar qualquer morte. É o preço por um erro gravíssimo." Apesar de não ter tido repercussão e os dois perfis dos jornalistas não os identificarem de qual veículo eram, o Grupo Folha os demitiu. E agora, surge a questão: usar ou não as redes sociais? Até que ponto emitir uma opinião? Quais cuidados deve-se ter?

O direito à Comunicação também deve ser aplicado aos profissionais da notícia. Não é por causa das atribuições e implicações de seu ofício que ele deve ter cerceado seu direito de emitir opiniões em um espaço propriamente pessoal, como as redes sociais. No entanto, esse profissional precisa ter cuidado, já que como qualquer cidadão, esse direito à livre expressão não inibe que seu mau uso acarrete consequências. Redobrar a atenção é preciso, já que o jornalista é uma pessoa pública e conquista uma certa notoriedade na sociedade, o que provavelmente levará muitas pessoas que admiram seu trabalho o seguirem nessas redes sociais.


A própria função do jornalista se confunde com seu papel nas redes. Por isso, todo cuidado é pouco. É preciso criar uma linha editorial para si mesmo a fim de regrar o uso dessas mídias. Não dá para falar abertamente sobre tudo, o bom-senso deve prevalecer, assim como a ética deontológica, preconizada. Se possível, recomenda-se que limite o acesso aos seus perfis para poucos, sendo necessária aprovação prévia de quem poderá visualizar o conteúdo que produz nessas redes. Isso já é um limitador. Infelizmente, é um dos ossos do ofício.

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