Por Emily Almeida
Da escolha do assunto de uma matéria, até a
apuração, a edição e a publicação desta, é necessário o cuidado do jornalista.
Este deve traduzir na conduta profissional os princípios que norteiam a
profissão, consciente de sua função, importância e responsabilidade social. E entender de qual lugar parte na construção e
afirmação de valores que importam à sociedade. Afinal, o produto do processo de
produção não se esgota na reportagem em si.
O jornalista que parte de valores humanos se
preocupa em pautar questões que sejam de interesse da sociedade no qual está
inserido, retirando dela e para ela as questões de relevância. Percebe que
pautar um assunto é mais que preencher a lacuna do jornal, mas é despertá-lo
para uma discussão, de modo a possibilitar a construção de um debate.
E construir conhecimento pede uma apuração
cautelosa. Cobrir qualquer fato exige que o jornalista se disponibilize para
investigá-lo, retirar dali a mais completa informação possível, sempre em
benefício da sociedade. Seja observando diretamente, dialogando com as fontes
ou consultando arquivos, esses dados se constituem como informação quando o
profissional os relaciona coerentemente, constrói um discurso. Esse cuidado de
observar e preencher as lacunas da informação resulta do respeito do jornalista
à sociedade.
Organizar os dados, torná-los coerentes e
compreensíveis são parte da redação da informação. Nesta fase, a linguagem com
que os dados coletados serão transmitidos será elaborada. E a linguagem é
primordial para o modo como os leitores receberão a informação. Essa
organização revela e contém a leitura que o jornalista faz dos fatos. Ao
escolher quais informações colocar e como, o jornalista deve manter o respeito
ao público, evitando interferências de relações comerciais ou interesses
pessoais. Pois deve ter em mente que seu trabalho tem impacto sobre a formação
de opinião do leitor.
A edição determina ao quê o veículo está a
serviço. E, por vezes, a Imprensa não se posiciona em favor da cidadania. Nesta
fase do processo, já começa a tomar forma elementos que estão além do trabalho
individual do jornalista, mas que devem ser cautelosamente respaldados para que
não interfiram na função primordial da reportagem, que é informar a sociedade. O
momento em que, finalmente, o trabalho se põe ao alcance do leitor é em sua
publicação. E essa fase não é isenta de atenção. Aqui, se discute
principalmente a questão do acesso à informação e o espaço para a resposta do
público perante o colocado.
A informação, afinal de contas, não estagna. Por
isso, a discussão não para por aqui. Discutir como a rotina de produção jornalística
vai além da reportagem, ou como a própria reportagem se emancipa desse processo
é também uma maneira de buscar as possiblidades do fazer jornalístico dentro
dos parâmetros éticos. O projeto SOS
Imprensa visa por em questão esses e outros debates. Pensar em como a mídia
pode e deve contribuir para a cidadania e também quando ocorre o contrário.